A geotermia consolida-se como solução líder em climatização sustentável para residências unifamiliares e edifícios residenciais no sul da Europa. Este sistema, que aproveita a temperatura estável do subsolo, oferece eficiências energéticas de 400-500% e reduz as emissões de CO₂ em até 80% em comparação com os sistemas convencionais. Neste guia, analisamos os aspectos técnicos, normativos e económicos essenciais para instalações em Espanha, Portugal e Itália, mercados com condições geológicas ótimas e quadros regulatórios em evolução.
Tipos de captação geotérmica: horizontal vs. vertical
Captação vertical
Recomendada para terrenos limitados, requer perfurações de 50-150 m de profundidade, onde a temperatura se mantém estável entre 10-15 °C na Península Ibérica e 12-18 °C no norte da Itália.
- Vantagens: Maior eficiência (COP 4,5-5,2), menor superfície necessária, vida útil >50 anos.
- Custo: 70-120 €/m linear em Espanha, 85-130 €/m em Itália, incluindo estudos geotécnicos.
Exemplo: Moradia em Madrid (120 m²) com 2 sondagens de 100 m: 18.000-21.000 €.
Captação horizontal
Ideal para terrenos amplos, com valas a 1,5-2 m de profundidade.
- Eficiência: COP 3,8-4,3, sensível a variações sazonais.
- Custo: 30-50 €/m² em Portugal, 40-60 €/m² em zonas alpinas italianas.
Exemplo: Casa no Porto (200 m²) requer 600 m² de terreno: 18.000-24.000 €.
Requisitos prévios: Estudos geológicos e regulamentação
Estudos obrigatórios
- Sondagem exploratória: determina a condutividade térmica do solo (2.500-3.500 € em Espanha).
- Análise hidrogeológica: essencial em captações abertas para avaliar o caudal dos aquíferos (exigida na Lombardia e Veneto, Itália).
- Licenças administrativas:
- Espanha: Declaração Responsável LD24.3 em Alcobendas.
- Portugal: Licença DGEG para instalações >10 kW.
- Itália: Autorização regional + relatório de impacto paisagístico em zonas protegidas.
Processo de instalação passo a passo
- Conceção do sistema: Cálculo da carga térmica (50-70 W/m² em clima mediterrânico).
- Execução da captação:
- Vertical: Perfuração com sonda em U de polietileno (diâmetro 140-160 mm).
- Horizontal: Valas com tubos em espiral ou serpentina.
- Instalação da bomba de calor: Equipamentos inverter de 6-15 kW para habitações de 100-300 m².
- Ligação a emissores: Dar prioridade ao piso radiante (35-40 °C no inverno) ou radiadores de baixa temperatura.
Tempos de instalação e aspetos legais
Prazos estimados
Processo | Espanha/Portugal | Itália |
---|---|---|
Estudo geotécnico | 2-3 semanas | 3-4 semanas |
Perfuração vertical | 5-7 dias | 7-10 dias |
Instalação completa | 3-4 semanas | 4-6 semanas |
Quadro Legal Transfronteiriço
- Espanha: RD 178/2025 sobre armazenamento energético aplicável a sistemas híbridos79.
- Portugal: Decreto-Lei 15/2022 agiliza licenças para geotermia em edifícios existentes915.
- Itália: Incentivos de 65% no «Ecobonus» para reabilitações com geotermia16.
Custos detalhados por metro quadrado
Tabela comparativa 2025 (IVA não incluído)
País | Captação vertical | Captação horizontal | com piso radiante |
---|---|---|---|
Espanha | 142-178 €/m² | 110-135 €/m² | +28% |
Portugal | 130-160 €/m² | 95-120 €/m² | +25% |
Itália | 150-190 €/m² | 115-145 €/m² | +30% |
Exemplo prático:
- Casa em Lisboa (150 m²):
- Captação vertical + piso radiante: 24.750 €
- Subsídio PT 2025: -6.200 €
- Amortização: 6,8 anos
Casos práticos em diferentes tipologias
1. Reabilitação de edifício histórico (Sevilha, Espanha)
- Desafio: Limitações estruturais para perfurações.
- Solução: Captação horizontal em jardim de 400 m² + bomba de calor de 9 kW.
- Resultado: Poupança de 68% em climatização (de 2.800 €/ano para 900 €)
2. Moradia unifamiliar alpina (Trentino, Itália)
- Condições: Temperaturas exteriores até -15 °C.
- Sistema: 3 sondagens verticais de 180 m + aquecimento por rodapé radiante.
- Eficiência: COP 4,8 mesmo a -10 °C.
3. Urbanização no Porto (Portugal)
- Escala: 20 habitações com rede geotérmica comunitária.
- Tecnologia: Captação aberta em aquífero a 12 °C constantes.
- Benefícios: Custo partilhado reduzido para 8.500 €/habitação.
Tendências para 2025 e recomendações
- Hibridização com energia fotovoltaica: Sistemas como o Ecoforest Geo+Solar alcançam 85% de autonomia.
- Refrigeração ativa: Bombas de calor reversíveis permitem climatização integral.
- Monitorização IoT: Sensores de desempenho em tempo real otimizam o COP.
Para projetos em Itália, considere o «Superbonus 110%» para instalações combinadas com eficiência energética. Em Portugal, o Fundo Ambiental financia até 30% dos projetos comunitários. A geotermia posiciona-se assim como um investimento fundamental na transição energética residencial do sul da Europa.